SEJAM BEM VINDOS

DEUS É O NOSSO MAIOR ARQUITETO

domingo, 26 de abril de 2009

Nós podemos sim, se fizermos as escolhas certas.... Pensando assim resolvi mostrar pra vocês um trecho de um livro muito bom, “Os sentidos da vida – Uma pausa para pensar”, de um psicanalista e escritor Flávio Gikovate, onde ele analisa as questões psicológicas e éticas que nos envolvem na trama da construção pessoal de nosso caminho, seja no trabalho, no amor e no sexo ou no relacionamento social।

Achei muito interessante essa passagem, e durante a leitura identifiquei várias pessoas do meu convívio, às vezes choro em ver as pessoas sofrerem, elas não conseguem ver além delas mesmas.


O QUE É SER FORTE

O ESPERTO NÃO É FORTE

O essencial do que foi dito até agora pode ser sintetizado assim: com a chegada da adolescência, descobrimos que a vida é uma empreitada bastante difícil, repleta de obstáculos e sofrimentos totalmente inesperados. A infância é, como regra geral, muito mais agradável do que o período que nos espera a partir dos 14, 15 anos de idade. Diante dessa constatação, precisamos tentar ser criaturas muito forte para ter condições de viver de modo agradável e prazeroso. Ou seja, se formos capazes de tolerar bem as dores inevitáveis da vida – e superá-las – poderemos ter bastante tempo e energia para usufruir dos períodos de prazer e alegria que também existem em grande quantidade.

Aquele que ficar atolado nas dores, reclamando e se lamentando, estará perdendo tempo e energia que poderiam ser dedicados aos prazeres. Aquele que ficar acusando terceiros, buscando sempre um culpado para as coisas negativas que acontecem com ele, aquele que se descontrolar e se desesperar diante dos fracassos e dos infortúnios, será o perdedor no jogo da vida. Na realidade é um fraco que não tolera as dores e as frustrações inevitáveis da vida.

Forte não é aquele que grita e esperneia sempre que é contrariado; é o barulhento. Forte é aquele que suporta com dignidade as dores da existência e se recupera mais ou menos rapidamente dos revezes e tropeços que a vida lhe impõe. O forte tolera bem as frustrações e contrariedades; o fraco não só não as tolera como se revolta contra elas, o que é um enorme desgaste de energia e de tempo – principalmente porque as grandes dores porque temos de passar acontecerão independentemente de nossa vontade e sem que possamos fazer nada contra elas. Se as dores são inevitáveis, melhor é suportá-las e superá-las o mais rápido possível.

Uma das principais características daqueles que toleram mal os sofrimentos da vida é tentar evitar as situações capazes de provocar dor e frustrações. Se perceberem que haverá obstáculos na estrada principal pela qual transitam, tentarão atalhos que talvez sejam menos dolorosos. Não raramente se afastam dos seus objetivos, sempre com a intenção de fugir de algum tipo de dor física ou moral. O medo de uma derrota, por exemplo, poderá fazer com que uma pessoa fraca evite a disputa na qual estava empenhada. Encontrará uma desculpa interessante para fazer isso e tentará convencer as outras pessoas de que sua atitude foi a mais adequada. É claro que, no íntimo, essa pessoa sempre sabe qual é a verdade, pois podemos enganar os outros, mas nunca a nós mesmos.

A tendência de fugir dos sofrimentos, tentando atalhos menos dolorosos, pode parecer uma grande esperteza. Parece que a pessoa está usando a inteligência para diminuir as dores, para chegar mais depressa aos objetivos. Não nego que um dos nossos objetivos é sofrer o mínimo necessário. Não tenho nenhuma simpatia por pessoas ou doutrinas que induzam seus seguidores ao sofrimento como parte do caminho para a salvação da alma. Estou me referindo apenas às coisas da Terra e às situações em que o sofrimento é inevitável. Aquele que se julga espeto tenta fugir também dos sofrimentos inevitáveis, o que só é possível à custa de graves prejuízos interiores.

Por exemplo: se um rapaz deseja fazer o curso de medicina mas teme o vestibular, poderá “decidir” por outra carreira cujo exame de admissão seja mais fácil. Vai se arriscar menos e poderá evitar a frustração da reprovação e mais um ano de preparação. Poderá, aos olhos dos outros, estar muito feliz e posar de superior até mesmo diante dos colegas que tentaram medicina mas foram reprovados. O “esperto” desviou-se do obstáculo maior, é verdade; porem foi obrigado a renunciar a um projeto fundamental em sua vida. Abriu mão do primeiro premio e aceitou, ainda jovem, um premio de consolação.

Retirado do Livro: Os sentidos da vida – Uma pausa para pensar, (p.26).

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